segunda-feira, 8 de abril de 2013

o tempo passa, o tempo voa

E eu aqui estancada.

Às vezes imagino um aquário. Limpo. Cheio de todas as coisas certinhas que os peixinhos precisam para sobreviver. Então, eles estão todos lá.
Ressalva: acho peixes e vários animais coisinhas muito lindas já postas neste mundão. Mas esses peixes, desse aquário são malignos. Cada um carrega seu peso. O peso de ser um pensamento negativo, pessimista, ilusório (embora muitas e muitas vezes não me pareça) sobre minha vida.

Então. Lá está o aquário. Lá estão os peixes. Nadando felizes e contentes nessas águas (ironicamente, já que é um aquário) profundas e caudalosas e, por muitas vezes, bastante escuras.
Cá estou eu, ocupada, trabalhando, lendo, ouvindo música, dirigindo, sentindo saudades, fome, sono.. enfim, vivendo. Até que um peixe se incomoda com essa apatia no aquário. O que está acontecendo com esse viver no modo automático? Tudo que você pensa, sente, respira tem que ser filtrado juntamente a nossas águas. E eu paro e ouço. Ouço a porcaria do peixe. E ele pede comida. E eu dou. Alimento o peixe com minhas dores e tristezas mais profundas. Se não for suficiente pra ele só, que chame outros. E eles aparecem. São vários, diversos - quanto maior a diversidade, mais divertido para eles viver nesse aquário escuro e obscuro.
E, creiam: alimentar esses (aparentemente) meros e puros peixinhos é muito fácil. E consigo facilmente transformá-los em gordos baiacus. Venenosos. E eles se reúnem. E filtram tudo o que penso, sinto e respiro. E o que volta? A água suja, impura, destilada de veneno. Para que eles se mantenham bem e bem vivos enquanto ligo meu piloto automático, até que lembre deles novamente.
E essa água parece se misturar a todos os fluídos do meu corpo e me toma completamente.

Não tem ansiolíticos, antidepressivos ou indutores de sono que consigam conter essa caixa de pandora aquática quando decidem abri-la.

Tá, ok. Eu sei que sou eu. E que pequenos peixes de aquário não tem muita força contra mim. Mas eles estão famintos e sedentos. E eu, agora, e há algum tempo, pelo menos, não tenho tido muita força para contê-los. Apenas alimentá-los. Um a um; ou todos juntos, quando resolvem fazer suas mini-rebeliões e exigir que todos me contaminem.

Às vezes penso que tenho feito o melhor possível, e eles ficam quietinhos por lá. E eu fico satisfeita por conseguir deixar ligado meu piloto automático, inclusive me dando espaço para pequenas alegrias e conquistas diárias.

Mas, no geral, tenho sido uma dona exemplar desses peixinhos de estimação.
Não queria que fosse assim. São muitos. Exigem muito alimento e muito espaço no meu ser para completarem-no com seus fluídos prejudiciais.
Não queria me apoiar nesse rótulo de "dona de peixes de estimação malignos". No entanto, é o que mais tenho feito. E consigo identificar isso em vários momentos dos dias, todos os dias. Ou até um dia inteiro.

Quero livrar-me desse aquário. Não vou vender, dar, nem trocar com ninguém. Só queria alguém que me explicasse: e aí? Como faz?

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